terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

A.P.A.P.E.

Associação De Pais de Pessoas Especiais do Norte e Noroeste do R.J


Tudo começou quando em 25 de fevereiro de 1992, minha cunhada de 23 anos chegou de Vitória (E.S.) grávida da 3º filha, com quase 9 meses de gestação e me procurou com pedidos de exames pré-natais, no Hospital Dr. Beda onde eu era telefonista.
Foram realizados ultrasonografias pelo Dr.Geraldo Nogueira, onde foi constatado que ela estava com um tumor de estômago e fígado; e o bebê não apresentava sinais vitais. Então ela foi encaminhada para realizar uma endoscopia no hospital Sociedade Beneficência Portuguesa de Campos com Dr. Paulo Hirano (hoje Secretário Municipal de Saúde) , onde colhido o material pela biópsia e analisado no Laboratório Dr. Honor Sobral, foi constatado um câncer. Por isso seguiu para a Clínica Medicina Nuclear, a fim de fazer uma transfusão de sangue pois estava com 18 de hematócritos.
Em 5 de março, ela voltou a realizar a ultrasonografia para visualizar a posição do bebê e através da cesárea retirá-lo para sepultamento. Para nossa surpresa e alegria, o médico nos informou que o bebê apresentava sinais vitais, que era uma menina e poderia nascer a qualquer instante. Um verdadeiro milagre!
No dia 07 de março, minha cunhada entrou em trabalho de parto e foi encaminhada ao Hospital dos Plantadores de Cana, onde nascia Letícia Laylla. No dia seguinte, a mãe teve alta hospitalar e eu fui atendida pelo pediatra, hoje Deputado Estadual Dr. Wilson Cabral, que me informou que Letícia nasceu com 3.550gr e 56 cm, com todos os reflexos de um bebe normal, mas apresentava um quadro de conjuntivite purulenta e por isso ficaria em observação por alguns dias.
Após a alta hospitalar, foi feito o exame do pezinho e não foi constatada nenhuma anomalia.
Aos 3 meses de vida de Letícia estávamos na luta com a mãe dela, pois já havia começado o seu tratamento de radioterapia e quimoterapia; quando levamos mais um choque ao levar a recém-nascida ao neuropediatra (pois percebemos que ela não sustentava o pescoço) e através de uma tomografia computadorizada, realizada no I.M.N.E. foi constatado que ela era portadora de craniostenose e paralisia cerebral (metade do cérebro esquerdo morto).
Aí sim começou a minha batalha, porque além de cuidar da mãe, tive que cuidar também da filha, com tratamentos de fisioterapia com Dra Ligia Correa, fonoaudiologia com Dra. Cândida, ecoterapia com Antônio Carlos, etc.
Eu que já tinha uma filha de criação, fiquei com mais duas; além da responsabilidade com minha cunhada que cada vez ficava mais debilitada, vindo a falecer no dia 7 de maio de 1993, às 7h e 30m em Vitória com 24 anos.
Assumi também outra responsabilidade, pois ela tinha deixado mais duas filhas, uma com 5 anos e a outra com 2 anos. Neste momento passei a ter 4 filhas.
Com a ajuda da minha mãe e mais uma cuidadora conseguia organizar o tratamento de Letícia, o colégio das meninas e o meu trabalho como telefonista do Hospital Dr.Beda.
Dr. Herbert sempre solícito às minhas necessidades, forneceu muitas vezes, leite, fraldas, remédios,para Letícia além do colégio, não somente para minhas filhas, assim como para todas as funcionárias que não tinham com quem deixar seus filhos para trabalharem.
Em 1996, recebo mais uma notícia desesperadora: minha mãe estava com câncer de colo de útero e durou apenas mais 3 meses. Me vi sozinha, com 4 crianças pequenas, já que a mais velha não tinha nem 10 anos e sem rumo, porque ela era minha bússola, apesar do carinho e dedicação da minha família.
Mais uma vez tive o apoio do grupo I.M.N.E., em especial, do Dr. Herbert, do Dr. Leonardo Miranda, da sra. Marta Henriques e de todos os meus colegas de trabalho.
Hoje se Letícia tem o privilégio de ter um plano de saúde, abaixo de Deus, agradeço a sra. Marta Henriques que desde que minha mãe estava enferma, vem pagando todas as mensalidades para que ela possa ser atendida em suas necessidades. Essas coisas, não se pagam nunca...a gratidão é eterna!
Na minha luta, comecei a ter contato com outras mães que como eu, buscavam um lugar onde pudessem receber todo o atendimento para seus filhos. Diante dessa situação, me vi na obrigação de tomar uma atitude em prol dessas mães que não conheciam seus reais direitos, já que para mim era mais fácil porque trabalhava na área de saúde. Assim, procurei Dr. Herbert, que prontamente nos cedeu um imóvel situado na rua Conselheiro Otaviano, nº 199, Pelinca, para que pudéssemos começar a concretizar nossos sonhos. Foi onde surgiu a A.P.A.P.E. - Associação De Pais de Pessoas Especiais do Norte e Noroeste do R.J.. Até hoje sempre que solicitado Dr. Herbert nunca deixa de estender as mãos para nos atender, nem nos mínimos pedidos.
E numa forma de agradecer, se é que isso pode ser agradecido, colocamos em uma de nossas salas, o nome de CENTRO DE REABILITAÇÃO FABRÍCIO CORREIA NEVES. Quem o conheceu, dispensa comentários!
Espero de alguma maneira, estar correspondendo a confiança depositada em minha pessoa, pois além de ser mãe de 4 filhas em minha casa, sou mãe de 167 crianças na A.P.A.P.E.
Meu agradecimento será sempre eterno!

REGINA CÉLIA MUNIZ DA SILVA